Todo profissional em atividade tem o dever de permanecer atualizado em sua área, para oferecer os melhores serviços aos seus clientes. Para quem trabalha com saúde, essa responsabilidade é ainda maior, pois temos a obrigação de sugerir e oferecer aos pacientes sempre a melhor opção de tratamento disponível.
Nesse contexto, saber consultar literatura científica de forma apropriada é essencial para manter nosso conhecimento clínico alinhado às melhores práticas da atualidade. É justamente aqui que ferramentas como a OpenEvidence se tornam grandes aliadas do profissional de saúde moderno, oferecendo uma solução inteligente que organiza e filtra o conhecimento em saúde, trazendo rapidamente informação confiável para embasar decisões clínicas.
No post de hoje, vamos entender o que é a plataforma OpenEvidence, como funciona, quais são seus diferenciais em relação a métodos de busca tradicionais ou ferramentas de IA de uso geral, e quais benefícios ela traz para o dia a dia dos profissionais de saúde.
O que é a plataforma OpenEvidence
A OpenEvidence é uma plataforma digital (disponível via aplicativo móvel e web) projetada para auxiliar na tomada de decisões clínicas por meio de inteligência artificial. Em termos simples, funciona como um “ChatGPT para profissionais de saúde” – um mecanismo de busca gratuito e especializado que analisa milhões de artigos médicos para responder a perguntas clínicas em linguagem natural.
Fundada em 2022 e lançada pelo programa acelerador da Clínica Mayo, a OpenEvidence rapidamente se tornou a plataforma médica de crescimento mais rápido da história. Mais de 430 mil médicos nos EUA (cerca de 40% do total do país) já se cadastraram, realizando aproximadamente 8,5 milhões de consultas por mês na plataforma.
Embora inicialmente voltada a médicos, qualquer profissional de saúde verificado pode utilizá-la, incluindo dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas e outros, pois seu conteúdo abrange milhares de tópicos médicos em 160 especialidades diferentes.
Importante destacar que o modelo de financiamento da OpenEvidence combina rodadas de investimento de grandes fundos internacionais com estratégias de monetização voltadas a serviços premium corporativos e parcerias de conteúdo médico, o que permite que o acesso seja gratuito para o usuário profissional.
Exemplo de busca no OpenEvidence: “Quais as evidências em relação à interação medicamentosa entre antibióticos do grupo das penicilinas e anticoncepcionais orais?”. Notar como a informação de interesse aparece logo no primeiro parágrafo do texto.
Exemplo de busca no OpenEvidence: “Quais as evidências em relação à interação medicamentosa entre antibióticos do grupo das penicilinas e anticoncepcionais orais?”. Notar como a informação de interesse aparece logo no primeiro parágrafo do texto.
Como funciona e quais os diferenciais da OpenEvidence
A OpenEvidence foi concebida desde o início com algoritmos de IA integrados ao processo de busca. Em vez de depender de conteúdo estático ou respostas predefinidas, a ferramenta utiliza um modelo de linguagem avançado, constantemente atualizado com fontes médicas confiáveis.
Na prática, ao receber uma pergunta, o sistema realiza em segundos uma busca nos dados mais recentes (revistas científicas, diretrizes, bases de evidência) e gera uma resposta “com livro aberto”, ou seja, citando diretamente as evidências encontradas.
Todo resultado é acompanhado de referências bibliográficas e links para os artigos originais, permitindo ao profissional checar a fonte primária. Esse enfoque reduz drasticamente o risco de desinformação ou de “alucinações” da IA, já que a base de conhecimento é intencionalmente limitada a fontes revisadas por pares (ex.: New England Journal of Medicine, JAMA, entre outros).
Outro diferencial está na velocidade e conveniência. A resposta típica é gerada em questão de segundos, viabilizando o uso no ponto de atendimento, por exemplo, durante uma consulta, ao lado do paciente.
Como a busca é única e integrada, em vez de o profissional precisar consultar manualmente múltiplas bases de dados ou ler dezenas de artigos, a OpenEvidence sintetiza o conhecimento relevante em uma única consulta. A plataforma pode ser acessada via smartphone ou computador, com uma interface intuitiva e voltada ao uso clínico cotidiano.
Exemplo da lista de referências apresentada pela ferramenta. Notar a possibilidade de aprovar ou não o uso do conteúdo para formulação da resposta desejada.
Exemplo da lista de referências apresentada pela ferramenta. Notar a possibilidade de aprovar ou não o uso do conteúdo para formulação da resposta desejada.
Benefícios no dia a dia do profissional de saúde
Para médicos, dentistas e outros profissionais, o impacto da OpenEvidence é significativo.
- Economia de tempo – em vez de gastar longos períodos pesquisando em livros, Google ou PubMed, o profissional obtém respostas objetivas em poucos segundos, com alto nível de confiança. Isso se traduz em agilidade: em uma consulta concorrida, é possível sanar dúvidas clínicas sem atrasos, aprimorando a tomada de decisão em tempo real.
- Melhora da qualidade das decisões clínicas – as recomendações são sempre embasadas nas evidências mais atuais. Um estudo conduzido por médicos da Mayo Clinic mostrou que as respostas da OpenEvidence a casos de atenção primária foram consideradas claras, relevantes e baseadas em evidências, alinhando-se aos planos dos próprios médicos em 100% dos casos analisados.
- Atualização contínua – ao incorporar novas pesquisas no contexto das dúvidas cotidianas, a ferramenta mantém o profissional atualizado com pouco esforço extra.
- Redução de erros e vieses – ao apresentar dados objetivos e referenciados, a OpenEvidence diminui a chance de decisões baseadas apenas na memória ou em informações desatualizadas, funcionando como um “segundo par de olhos” sempre disponível.
Na prática, isso se traduz em melhor assistência aos pacientes, já que decisões bem informadas tendem a resultar em cuidados mais eficazes e seguros.
Por que dentistas também devem conhecer essa ferramenta
Embora a maioria dos usuários atuais da OpenEvidence seja composta por médicos, dentistas e outros profissionais de saúde também têm muito a ganhar.
Por exemplo, ao atender um paciente com condições sistêmicas complexas (diabetes, problemas cardíacos, uso de bifosfonatos), o cirurgião-dentista pode recorrer à plataforma para esclarecer dúvidas sobre a conduta mais segura.
Questões como “Qual a evidência atual para profilaxia antibiótica em pacientes com prótese valvar antes de procedimentos dentários?” ou “Pacientes em uso de anticoagulante precisam suspender a medicação antes de extrações?” podem ser rapidamente respondidas com base nas diretrizes e estudos mais recentes. Isso dá ao dentista segurança para fundamentar suas condutas não apenas em manuais ou experiência pessoal, mas também em literatura científica atualizada.
Vale ressaltar que recentemente a OpenEvidence se tornou a primeira IA da história a gabaritar o United States Medical Licensing Examination (USMLE),exame rigoroso para obtenção de licença médica nos EUA. O modelo não só respondeu corretamente a todas as questões, como também forneceu justificativas e referências, explicando o raciocínio por trás de cada resposta.
Considerações finais
Estamos testemunhando uma transformação na forma como as informações de saúde são consumidas. Ferramentas de IA como a OpenEvidence vêm se consolidando como aliadas poderosas no exercício profissional.
Ao reduzir a distância entre a pesquisa científica e a prática clínica, essas plataformas permitem que decisões sejam tomadas com base no melhor e mais recente conhecimento disponível, de forma rápida e acessível.
É importante destacar que nenhuma tecnologia substitui o julgamento clínico e a experiência do profissional. A OpenEvidence deve ser vista como um “co-piloto”, não como piloto automático. Cabe ao profissional interpretar as evidências no contexto de cada paciente.
Ignorar o advento dessas ferramentas pode significar perder oportunidades de aprimorar o cuidado prestado. Portanto, todo profissional de saúde deveria ao menos conhecer a OpenEvidence e ferramentas similares. Seja para otimizar o aprendizado contínuo, ganhar agilidade em consultas ou tomar decisões mais embasadas, a IA aplicada à saúde mostra enorme potencial.
Assim como exames de imagem, prontuários eletrônicos e outras inovações se tornaram parte integrante da prática clínica, a tendência é que assistentes virtuais baseados em evidências também passem a ocupar espaço no dia a dia. Estar familiarizado com essas tecnologias e saber utilizá-las de forma ética e eficaz pode representar um diferencial importante na carreira e, sobretudo, uma maneira de oferecer cuidados mais seguros, atualizados e de alta qualidade aos pacientes.
Referências:
https://exame.com/negocios/economista-se-torna-bilionario-com-plataforma-de-ia-para-medicos
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC12033599/
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